Professor deve propor reflexões sobre atual modelo de desenvolvimento econômico
O educador Sérgio Haddad, integrante do Grupo de Reflexão e Apoio do Processo do Fórum Social Temático 2012 – FST,
sugeriu que os professores proponham, em sala de aula, atividades de
reflexão sobre o atual modelo de desenvolvimendo econômico adotado pelos
países ricos. A observação foi apresentada como um desafio aos
participantes do Fórum Mundial de Educação, que aconteceu entre os dias 24 e 29 de janeiro, em Porto Alegre (RS).
Para Haddad, os professores precisam promover debates e discussões
sobre os limites para o desenvolvimento. “Todo sistema educativo é
voltado a perspectivas de aumento da produção e do consumo. No entanto,
este modelo de desenvolvimento que estamos estimulando tem se mostrado
cada vez mais insuficiente para resolver os problemas de naturezas
social e ambiental. As pessoas, hoje, vivem para o consumo”, declarou ao
Observatório da Educação.
O Fórum rendeu um pequeno texto, consensual entre os participantes,
sobre a necessidade de mudança do paradigma da educação: “que ela possa
promover cidadania crítica e processos de reflexão, permitindo que a
comunidade educativa possa ter leitura crítica da realidade social e se
coloque em posição de questioná-la e mudá-la”, registra o documento. Ele
também aponta para a necessidade de escolas mais ancoradas em seu
contexto histórico-cultural, que ajudem a pensar em soluções para a
comunidade em que está inserida.
Com o tema “crise capitalista e justiça social e ambiental”, o Fórum Mundial da Educação inaugurou os debates do Fórum Social Temático.
Na ocasião aconteceram marchas contra a crise econômica mundial e
contra o novo Código Florestal, em tramitação no Congresso Nacional.
Além disso, aconteceram oficinas de a preparação para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Com informações da Agência Brasil e do Observatório da Educação.
Saiba mais!
Fórum Social Temático: reunião de entidades
nacionais e internacionais, que integra as atividades do Fórum Social
Mundial, para discutir ações comuns de combate a desigualdades.
Grupo de Reflexão e Apoio do Processo do Fórum Social Temático 2012 – FST:
coletivo formado por ativistas e representantes da sociedade civil que
se identificam com os princípios do Fórum Social Mundial.
Fórum Mundial de Educação: movimento pela cidadania e
pelo direito à educação. Constitui-se em um espaço de diálogo entre
representantes de projetos de educação popular e de enfrentamento ao
neoliberalismo.
Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20: conferência
promovida pela ONU para avaliar os compromissos dos Estados sobre
economia verde e desenvolvimento sustentável. Será realizada entre 4 e 6
de junho de 2012, no Rio de Janeiro.
Escola deve ajudar a prevenir crimes contra crianças e adolescentes na internet
As escolas devem debater sobre o uso seguro da internet durante as
aulas, a fim de prevenir a exposição de crianças e adolescentes a crimes
no mundo virtual. A sugestão é de Rodrigo Nejm, diretor de prevenção da
organização não governamental Safernet Brasil, que trabalha contra a violação dos direitos da criança e do adolescente na internet. A instituição é a responsável pelo Dia da Internet Segura no Brasil, comemorado nessa terça-feira (07/02).
“Queremos que as escolas tratem a questão com antecedência, de forma
preventiva. Criamos conteúdos educativos para que esse tema seja
incorporado no currículo das escolas com consistência”, afirma Nejm.
“Além disso, treinamos coordenadores pedagógicos e produzimos cartilhas e
vídeos educativos”, completa o diretor de prevenção.
Para ele, a melhor forma de prevenir os crimes online é
educar crianças e adolescentes para o uso responsável da rede. “O
professor não precisa ser um especialista em tecnologia para promover
dicas e orientações sobre o uso consciente da internet. Ele deve ir mais
pela linha da cidadania do que pela técnica. Ele pode, por exemplo,
discutir o que diz o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] sobre o uso das lan houses e fazer pesquisas com os alunos para descobrir em quais sites eles navegam mais”, explica.
No Brasil, não há uma diretriz nacional para trabalhar o uso seguro
da internet nas escolas. No município de Itapeva (SP), por exemplo, cada
unidade escolar pode adaptar sua proposta curricular para dar conta da
questão, mas os professores não recebem capacitação específica para
abordar o tema com as crianças. “O currículo não orienta diretamente,
porém vemos o tema ‘segurança na internet’ como parte integrante dos
‘Temas Transversais’. Eles são trabalhados sempre que existe a
necessidade e a oportunidade, dentro de qualquer conteúdo que esteja
sendo desenvolvido”, afirma Lucilene Rocha de Oliveira, assistente
técnico-pedagógico de informática educacional do Sistema Municipal de Ensino de Itapeva.
Segundo Lucilene, a capacitação dos professores em Itapeva tem foco maior no uso das NTICs – Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
no processo de ensino-aprendizagem. “No trabalho com os alunos e
professores do ensino fundamental, a orientação sobre uso seguro da
internet acontece de maneira mais geral e sucinta”, completa.
Principais violações
O principal crime online praticado contra crianças é a
pedofilia ou pornografia infantil. Além disso, são comuns casos de
aliciamento sexual pela internet, considerados “os mais graves” pelo
diretor de prevenção da Safernet Brasil, Rodrigo Nejm. “Os casos de bullying nas redes sociais também são cada vez mais crescentes”, acrescenta. “O ciberbullying
gera discriminação na internet. Quando uma brincadeira é feita, fica
difícil delimitar em que ponto ela começa e em que ponto acaba, porque o
conteúdo fica para sempre disponível online”, diz.
Outra questão que tem crescido na rede é a publicação voluntária de fotos sensuais, chamada sexting.
“Ela é fruto de várias influências culturais contemporâneas. Vivemos um
culto geral a celebridades e as crianças e adolescentes percebem nisso
um modelo. Junto com essa questão existe o fenômeno da erotização
precoce da infância”, avalia Nejm.
Ele atenta também para o consumismo infanto-juvenil. “A internet
coloca a criança e o adolescente em contato com um universo de consumo
muito maior que o da rua. A internet também é um espaço público, que
oferece perigos quando a criança e o adolescente estão sozinhos”,
avalia. “Como ainda carecemos de programas de promoção do uso
responsável da internet, crianças e adolescentes acham que na rede estão
em uma terra sem lei”.
O especialista sugere que os pais naveguem na internet junto com seus
filhos; mantenham o computador em uma área comum da casa; e delimitem
horários e tipos de acesso. “Não aconselhamos o bloqueio de sites,
porque isso não promove o auto-cuidado, o diálogo, a consciência crítica
e a construção de limites”, explica Nejm.
Dia da Internet Segura
O Dia da Internet Segura foi idealizado na Europa pela rede Insafe, que une organizações da União Europeia
em prol do uso seguro da internet. “O principal objetivo é sensibilizar
os gestores a incorporar essa questão nas políticas públicas, contando
com o apoio dos meios de comunicação”, afirma Nejm.
Em 2003, os 27 países membros da União Europeia participaram do primeiro Dia da Internet Segura. Em 2009, a organização brasileira Safernet foi convidada a integrar o movimento junto com o Ministério Público. Porém, Nejm avalia que as diferenças nas ações de combate aos crimes virtuais ainda são grandes. “A colaboração do Google, do Facebook e da Microsoft para liberar a identidade dos criminosos virtuais é completamente diferente no Brasil do que é nos Estados Unidos ou na Europa. Mas o que faz o usuário brasileiro ter menos direito à proteção virtual do que os europeus e americanos? As grandes multinacionais ainda têm medo de falar do tema como se isso fosse espantar clientes”, afirma.
Saiba mais!
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente: conjunto
de leis que tem como objetivo promover a proteção integral das crianças
e dos adolescentes. O Estatuto foi instituído em 13 de julho de 1990,
inspirado pelas diretrizes da Constituição Federal de 1988.
Temas Transversais: de acordo com o MEC,
são assuntos relacionados à compreensão e à construção da realidade
social dos alunos, que são trabalhados nas disciplinas já existentes. Os
temas transversais, nesse sentido, correspondem a questões importantes,
urgentes e presentes na vida cotidiana.
NTICs – Novas Tecnologias de Informação e Comunicação: são
tecnologias e métodos de comunicação, desenvolvidos desde a segunda
metade da década de 1970. Elas se caracterizam por agilizar,
horizontalizar e facilitar a divulgação de informações.
Bullying: termo
utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica,
intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou um grupo. Essas
ações causam dor e angústia e são executadas dentro de uma relação
desigual de poder.
Ciberbullying: termo utilizado para
descrever comportamentos hostis e repetidos, praticados por meio das
tecnologias de comunicação e redes sociais (como Facebook e Twitter),
por um indivíduo ou grupo com a intenção de prejudicar o outro.
Sexting: diz respeito ao envio e à
divulgação de conteúdos eróticos e sensuais com imagens pessoais na
internet, utilizando para isso qualquer meio eletrônico, como câmeras
fotográficas digitais, webcams, e smartphones.
Projeto de lei quer proibir terceirização da gestão da merenda
Tramita na Câmara, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei nº
2641/11, de autoria do deputado Pedro Uczai (PT-SC), que altera o
Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.
Implantando em 1955, o PNAE tem como objetivo contribuir para o
“crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar
dos estudantes”. Segundo informações do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – FNDE, o PNAE deve garantir, “por meio da
transferência de recursos financeiros, a alimentação escolar dos alunos
de toda a educação básica, matriculados em escolas públicas e
filantrópicas”.
O projeto de lei do deputado Uczai visa impedir a terceirização da
gestão da merenda escolar nas escolas públicas dos Estados, municípios e
Distrito Federal. Uczai acredita que a alteração trará mais
transparência para a prestação do serviço e acabará com os cartéis que
monopolizam as verbas públicas. “O problema verificado na gestão
terceirizada é a pouca transparência, desde os editais dos processos
licitatórios, passando pela formação de cartéis de grandes empresas que
inibem a concorrência, e chegando até a dificuldade de uma efetiva
fiscalização da confecção e distribuição da alimentação servida nas
escolas”, afirma o autor da medida.
Segundo o documento, a responsabilidade pela gestão da merenda escolar será do Estado. Em caso de terceirização do serviço, o FNDE deverá
suspender o repasse de verbas. Para o autor do projeto de lei, umas das
vantagens de se impedir que os Estados e municípios contratem empresas
privadas para gerenciar a merenda nas escolas públicas é que o custo
final acaba saindo menor para o poder público. A iniciativa, segundo o
deputado, também possibilita o desenvolvimento da agricultura familiar, à
medida que as escolas podem comprar os alimentos, negociando
diretamente com os pequenos produtores.
O projeto ainda será analisado pelas comissões de Educação e Cultura;
de Finanças e Tributação; e de Constituição, Justiça e Cidadania da
Câmara dos Deputados.
Com informações do Portal Aprendiz
Nova versão do PNE define porcentual do PIB destinado à Educação
A nova versão do Plano Nacional de Educação – PNE, que ainda tramita no Congresso, tem gerado debates, principalmente, com relação ao porcentual do Produto Interno Bruto – PIB, que deve ser destinado à educação. O PIB
é a soma dos valores monetários conquistados a partir de todos os
serviços e bens produzidos num período, por uma determinada região – no
caso do PNE, trata-se do PIB nacional.
O PNE é um documento que apresenta as principais
diretrizes e metas para a melhoria da qualidade da educação no país na
próxima década (2011-2020). Ele determina estratégias específicas para a
concretização destas metas e apresenta formas de a sociedade monitorar e
cobrar cada uma das conquistas previstas. Dentre as vinte metas
traçadas pelo PNE, pode-se destacar a erradicação do
analfabetismo, a superação das desigualdades, a melhoria da qualidade do
ensino e a valorização dos profissionais da Educação.
Um dos pontos do texto que ainda está sendo bastante discutido é a
meta 20, que trata da questão do investimento público em educação e
estabelece o porcentual do PIB destinado à área. A proposta inicial do governo era que a parcela repassada fosse de 7% do PIB,
porém, o documento divulgado pela Câmara prevê o montante de 8%. O
relator do texto, o deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), afirma que esse
valor é insuficiente para garantir uma educação de qualidade. “Não temos
aval do governo para 8%. Tivemos uma boa conversa, mas não uma conversa
em que o governo dissesse que concorda com este patamar”, diz Vanhoni.
Em dezembro, durante a leitura do documento na Câmara, parlamentares,
estudantes e professores presentes solicitaram a aplicação de 10% de
todas as riquezas produzidas pelo país no ensino. O parlamentar Paulo
Ruben Santiago (PDT-PE) defende que sejam somados 5,4% do PIB
aos atuais 5% que já são investidos, totalizando 10,4%. Atualmente, a
União arca com apenas 0,98% desse valor. “Queremos somar 5,4% ao que já
existe e o ônus disso não seria só da União, mas também de Estados e
municípios”, disse.
Com informações do portal Todos pela Educação
Mais Educação espera atender cinco mil escolas do campo em 2012
Em 2012, o Ministério da Educação – MEC pretende atender, por meio do programa Mais Educação, cerca de cinco mil escolas do campo, distribuídas entre os 26 Estados e o Distrito Federal. Criado em 2008, o Mais Educação tem a responsabilidade de implantar educação integral, prioritariamente, nas escolas que apresentam baixa pontuação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB
. No início do programa, foram beneficiados 386 mil estudantes, de
1.380 escolas, distribuídas em 55 municípios, de todos os Estados
brasileiros. Em 2009, o programa foi ampliado e passou a atender cinco
mil escolas, em 126 municípios, beneficiando cerca de 1,5 milhões de
estudantes. Em 2010, 10 mil escolas foram atendidas em todo o Brasil e
beneficiaram três milhões de estudantes.
Só nas regiões metropolitanas já existem 14,9 mil escolas que
oferecem educação integral. As escolas concentram alunos oriundos da
floresta, das comunidades ribeirinhas, quilombolas, pescadoras e dos
assentamentos da reforma agrária. De acordo com Leandro Fialho, coordenador de ações educacionais complementares da Secretaria de Educação Básica – SEB, o MEC
pré-selecionou 14,5 mil escolas do campo passíveis de atendimento, das
quais se espera a adesão de pelo menos cinco mil. Os estabelecimentos
pré-selecionados foram escolhidos a partir de requisitos como a
distância de centros de atividades culturais, esportivas e de lazer e o
baixo número de estudantes do ensino fundamental matriculados.
A tabela
das escolas pré-selecionadas para integrar o programa traz a relação
dos municípios e o número máximo de alunos que cada escola pode
registrar. Fialho explica que é o número de estudantes cadastrados que
determina o valor da verba a ser repassada para cada escola.
Ao aderir ao programa, o gestor da escola deve escolher cinco ou seis atividades em uma lista de 60, disponível no site do Mais Educação. Segundo o coordenador do SEB, o MEC
destina às escolas selecionadas um valor médio é de R$ 37 mil por ano.
Além do recurso – utilizado para aquisição de materiais, custeio de
atividades, pagamento de transporte e alimentação de monitores –, o
governo federal envia às escolas beneficiadas instrumentos musicais,
rádio escolar e uma lista com a referência de valores de equipamentos e
materiais que podem ser adquiridos pela própria escola com os recursos
repassados.
Com informações do Portal Aprendiz e do portal do programa Mais Educação
Lei de Diretrizes e Bases da Educação completa 15 anos e suscita debates
Em 1996, o Brasil deu um importante passo no sentido da
universalização do acesso à educação. Naquele ano, era criada uma nova
versão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB
de 1961, cujo texto foi reformulado pela primeira vez em 1971. Passados
quinze anos desde que foi sancionada a última versão, a Lei ainda
suscita muitos debates.
A formulação da nova LDB, em 1996, contou com o
apoio de vários setores da sociedade civil, num esforço por formalizar
um documento que desse conta das necessidades do país e contemplasse
parcelas historicamente excluídas da população, como indígenas,
quilombolas e habitantes do campo. “A LDB passou a
garantir o acesso destes grupos a sistemas diferenciados de educação.
Hoje, existem programas específicos de atendimento”, explica Alexsandro
do Nascimento Santos, consultor da Comunidade Educativa CEDAC.
Segundo especialistas, em comparação com as versões anteriores, a nova LDB
trouxe avanços importantes para a área. “A inclusão da educação
infantil como um direito universal é uma grande contribuição”, aponta
Maria Candida di Pierro, pedagoga e consultora do Projeto Parceria Votorantim pela Educação – PVE,
nos municípios paulistas de Catanduva e Itapeva. A exigência de
formação superior para os professores é outro destaque da nova LDB.
“Até 1996, mais da metade dos professores não possuía formação
superior; e quase 30% não tinha sequer formação no ensino médio. Alguns
professores estudavam somente até a oitava série e davam aulas para
turmas de quarta série”, conta Santos.
A LDB também ampliou o investimento em educação e
modificou a forma como são calculados os gastos do governo federal nessa
área, além de criar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb.
“O Estado se comprometeu a gastar um determinado valor mínimo com todas
as crianças brasileiras. Isso possibilitou a criação de um piso
salarial para os professores”, explica Santos.
Até a década de 90, havia uma disparidade muito grande nos gastos com
educação, conforme o município ou o Estado, porque o porcentual
destinado para a área era baseado na arrecadação. “Uma criança que
morasse em São Paulo recebia cerca de dez vezes mais investimento do que
uma criança de Franco da Rocha, Francisco Morato ou Diadema”, afirma
Santos. Entre outras contribuições da nova LDB, o consultor cita a criação da Prova Brasil.
“Criamos um sistema de avaliação da educação básica que verifica o
quanto as crianças brasileiras estão aprendendo. A redução do
analfabetismo também foi uma conquista desta versão da lei”, completou.
Ainda que tenha representado uma série de avanços, segundo especialistas, a atual LDB precisa ser reformulada. O professor Mauro Del Pino, diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas,
no Rio Grande do Sul, destaca “a necessidade de uma política de
financiamento para a educação, que combine qualidade e obrigatoriedade
de oferta pública e gratuita de toda a educação básica, desde o ensino
infantil até o médio”.
Alexsandro do Nascimento Santos, por sua vez, lembra que o modelo de
educação profissional e tecnológica, com foco nos jovens, ainda não foi
bem definido. “Ora se dá no ensino médio, ora no ensino superior”.
Outro ponto polêmico da LDB é o regime de
colaboração entre Estados e municípios para a oferta de educação
fundamental. Ao contrário do que prevê a lei, tem crescido a
municipalização da educação fundamental, mas sem que os municípios
disponham dos recursos necessários a uma expansão de qualidade. Segundo
Santos, dos cinco mil municípios brasileiros, mais de três mil terão
problemas para financiar seu sistema de ensino nos próximos dez anos. “A
partir de 2017, cada município terá de financiar seus sistemas
educacionais com recursos próprios e a maioria deles está endividada”.
De acordo com a LDB, os gastos com a educação devem
vir da arrecadação de impostos. A lei estabelece que a União tem a
obrigação de destinar 18% de sua arrecadação para a educação; e cabe a
Estados e municípios um aporte de 25%. Estudiosos afirmam que esse
investimento ainda é muito pequeno e defendem a vinculação ao Produto Interno Bruto – PIB. O Plano Nacional de Educação – PNE, em tramitação no Congresso, propõe o uso de 8% do PIB brasileiro na área. “O PIB
é muito maior porque é a soma de todo o dinheiro produzido no país. Se
essa proposta passar, vai aumentar consideravelmente o investimento em
educação no Brasil. O problema é que o PIB é uma medida flutuante, o que faz com que o investimento em educação dependa do sucesso da economia”, pondera Santos.
Para a pedagoga Ana Paula Melim, consultora do PVE
nos municípios de Laranjeiras (SE) e Água Clara (MS), a lei precisa
“sair do papel” para ser vivenciada por todos os atores sociais. “Como o
educador deve tratar os parâmetros da lei? Como pode traduzir o texto
da lei em ações? A LDB normatiza, regulamenta, mas precisamos ir além se quisermos avançar”, diz.
Ana Paula afirma ainda que a comunidade é a maior responsável pela
legitimação da lei, por garantir o seu cumprimento. “Precisamos trazer a
comunidade para a escola. A participação de todos é essencial para que a
lei seja validada”, diz a pedagoga.
Shaonny Takaiama / Blog Educação
domingo, 22 de janeiro de 2012
Estados não cumprem lei do piso nacional para professor
Aprovada há mais de
três anos, a lei nacional do piso do magistério não é cumprida em pelo
menos 17 das 27 unidades da Federação.
A
legislação prevê mínimo de R$ 1.187 a professores da educação básica
pública, por 40 horas semanais, excluindo as gratificações.
A
lei também assegura que os docentes passem ao menos 33% desse tempo
fora das aulas para poderem atender aos estudantes e preparar aulas.
A regra visa melhorar as condições de trabalho dos docentes e atrair jovens mais bem preparados para o magistério.
O
levantamento da Folha mostra que a jornada extra-classe é o ponto mais
desrespeitado da lei: 15 Estados a descumprem, incluindo São Paulo, onde
17% da carga é fora da classe. Entre esses 15, quatro (MG, RS, PA e BA)
também não pagam o mínimo salarial.
O ministério da Educação afirma que a lei deve ser aplicada imediatamente, mas que não pode obrigar Estados e municípios a isso.
A maior parte dos Estados que descumprem a lei disse que vai se adequar à regra.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação recomendou a seus sindicatos que entrem na Justiça.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Plano Nacional de Educação e troca de ministro são pauta em 2012 Conheça outros projetos que estão em foco na Educação Básica neste ano
Carolina Vilaverde*
Da Redação do Todos Pela Educação
Da Redação do Todos Pela Educação
A agenda da Educação Básica será agitada no ano de 2012. Além da
aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que era prevista para o
ano passado, as eleições municipais também devem ter grande influência
no período. A saída de Fernando Haddad do Ministério da Educação (MEC)
para se candidatar à Prefeitura de São Paulo traz mais mudanças para a
área.
Estão em pauta ainda assuntos como a criação da Lei de Responsabilidade
Educacional, a proposta de uma base curricular nacional, a realização
de duas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a aplicação
de uma prova nacional para professores. Veja abaixo os destaques para o
ano.
Plano Nacional de Educação (PNE)
O Plano Nacional de Educação é a principal diretriz para as políticas educacionais no Brasil e será votado pela Câmara dos Deputados neste ano. Após uma série de adiamentos na leitura do relatório final do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), relator do projeto, o documento foi finalmente apresentado na Câmara no fim de 2011, quando o País já contabilizava quase um ano sem lei. Para vigorar, o plano deve ser aprovado pela Câmara – o que deve ocorrer até 15 de março –, pelo Senado e passar pela sanção presidencial.
Um dos temas que geraram mais debate é a meta de investimento público
total em Educação, que, na versão do relator, é de 8% do PIB. O plano
define metas e estratégias também para assuntos como a valorização do
professor e a universalização do ensino.
Novo ministro da Educação
Segundo os jornais, Fernando Haddad está de saída do MEC para se dedicar à sua candidatura a prefeito de São Paulo. Fontes revelaram que ele deve deixar a pasta ainda no começo deste ano, em meio à reforma ministerial prometida pela presidente Dilma Rousseff. Com a indicação de um novo nome para comandar a pasta, a Educação deve passar por mudanças.
Aloizio Mercadante, atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, é
o nome apontado nos bastidores como o mais provável para substituir
Haddad, segundo o jornal Brasil Econômico. O MEC tem um dos maiores
orçamentos do governo federal: em 2012, pode superar os R$ 70 bilhões,
considerando o aumento de recursos com o PNE.
Lei de Responsabilidade Educacional
Os trabalhos da Comissão Especial da Lei de Responsabilidade Educacional, instituída pela Câmara dos Deputados no fim do ano passado, serão iniciados neste ano. A presidência da comissão, que é responsável por debater e formular a lei, está nas mãos do deputado Newton Lima (PT-SP), e a relatoria do projeto ficou a cargo de Raul Henry (PMDB-PE).
Mais de uma dezena de projetos de lei que versam sobre o assunto estão
em análise da comissão. Um deles, de autoria do Executivo, foi enviado
em dezembro de 2010 ao Congresso pelo ministro da Educação, Fernando
Haddad. Na proposta do governo, a Lei de Ação Civil Pública seria
alterada para que o Ministério Público possa fiscalizar os responsáveis
pela gestão da Educação na União, nos estados e nos municípios.
Base curricular nacional para a Educação Básica
No início de dezembro de 2011, o MEC anunciou que vai propor uma base curricular nacional, com expectativas de aprendizagem para a Educação Básica. O texto, a ser apresentado pela pasta, deve ficar disponível para consulta pública e participação da sociedade.
Segundo Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC,
essa base não será “uma listagem de conteúdos”, mas sim “um instrumento
de organização da vida do professor e do aluno”. Após a apresentação do
texto-base, será aberto prazo para que um grupo de trabalho defina as
expectativas por áreas do saber. A previsão é a de que o documento será
concluído no fim de 2012.
Eleições municipais
As eleições municipais em todo o Brasil ocorrem neste ano. Isso significa que novos gestores serão eleitos e novas prioridades de governo serão definidas. Os cidadãos terão a oportunidade de escolher e eleger candidatos que tenham a Educação como uma de suas prioridades. Além disso, o ano eleitoral deve influenciar os períodos de tramitação e votação de projetos no legislativo.
Duas edições do Enem
O MEC anunciou que duas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) devem ser aplicadas neste ano. As provas estão programadas para acontecer em abril e outubro e serão supervisionadas novamente pelo Inmetro e por uma empresa de gestão de risco, acionados para conferir mais segurança ao exame. Segundo Haddad, o aumento no número de edições seria uma forma de reduzir os seguidos problemas enfrentados pelo Enem, como o vazamento de questões para alunos do Colégio Christus, de Fortaleza (CE), ocorrido no ano passado.
Prova nacional para professores
A Prova Nacional de Concurso para o Ingresso na Carreira Docente, regulamentada em 2011, está prevista para ter sua primeira edição em agosto. O objetivo do exame é auxiliar estados e municípios a selecionar professores para trabalhar nas redes públicas. A participação do docente na seleção será voluntária.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) já declarou que será o responsável pela coordenação e
aplicação da prova. De acordo com a presidente do órgão, Malvina
Tuttman, o processo de construção de um banco de itens elaborados por
especialistas em Educação já está em andamento.
A prova deve avaliar os docentes a partir de três dimensões: profissão
docente e cidadania, trabalho pedagógico e domínio dos conteúdos
curriculares. Serão exigidos conhecimentos em temas como políticas
educacionais, gestão do trabalho pedagógico, além do domínio dos
conteúdos como língua portuguesa, matemática, história e artes.
* Com informações da Agência Brasil e do Portal do MEC
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