Oficina: Ludicidade
BRINCAR PRA QUE?
“A inteligência gosta de brincar. Brincando ela solta e fica mais inteligente ainda. Brinquedo é tônico para a inteligência. Mas se ela tem que fazer coisas que não são desafio ela fica preguiçosa e emburrecida.” Rubem Alves(Educação dos Sentidos)
E assim começamos mais uma oficina pedagógica.
Desta vez fomos convidadas pela coordenação do Proerd( um programa da Polícia Militar do DF).
Trocamos ideias sobre brincadeira, ludicidade levada a sério, sua importância na formação global da criança e relações necessárias com os pais, afinal, brincar não tem idade.
Foi um momento muito rico, todos se envolveram e participaram com dinamismo demonstrando interesse e conhecimentos pedagógicos indispensáveis para o trabalho que executam com os pequenos em nossas escolas.
Vamos postar aqui alguns desses agradáveis momentos e o texto da apostila que dispusemos para alguns no momento.
BRINCAR é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Brincar é coisa séria, porque na brincadeira a criança se reequilibra, recicla suas emoções e sacia sua necessidade de conhecer e reinventar a realidade. Tudo isso desenvolve atenção, concentração, autoestima, noção de espaço, forma, distância, pensamento simbólico, a aceitação de regras, socialização, pensamento lógico-matemático e diversas outras habilidades de acordo com o tipo de brincadeira.
PEDAGOGOS como, Froebel, Montessori e Decroly chamaram a atenção para o valor educativo do jogo e fizeram com que muitos educadores reconhecessem a importância de tal atividade
Os jogos recreativos sempre exerceram grande fascínio no ser humano, vindo, de século a século, aumentando o seu prestígio.Ao longo da evolução humana, o lúdico tem contribuído decisivamente para a evolução dos seres e do processo ensino-aprendizagem, colaborando na construção da cultura das diversas raças povos e sociedades. As regras e limites estabelecidos para o desenvolvimento dos jogos e o alcance de seus objetivos auxiliam na formação do caráter de maneira agradável, divertida, voluntária e consciente. O jogo recreativo permite que se estabeleça relação com o mundo, facilitando o entendimento e a adaptação do ser à realidade que o envolve nesta fase que se consolidam os hábitos, atitudes,valores e esquemas mentais que delineiam e direcionam a constituição da personalidade. Nas muitas vezes em que as potencialidades não conseguem ser identificadas, o jogo recreativo pode ser o agente que irá auxiliar nas atividades relacionadas ao ensino-aprendizagem. Deve-se ter em mente que, quando se aplica um jogo recreativo, produz-se nos jogadores uma excitação mental agradável. Ele deve, também, garantir e manter a espontaneidade dos participantes. Os JOGOS, quando utilizados de maneira correta e consciente, são muito eficientes para a fixação, a introdução e a transmissão do conhecimento de forma a atraente, motivadora e participativa.
QUEM SOMOS?
Recepção e apresentação dos participantes da oficina
-Dinâmicas
.Bonecos-crachás: desenhar e identificar com o nome.
.Formação e apresentação dos grupos e mediadoras
OBJETIVO DA OFICINA
“O homem só é homem quando de fato brinca.”(Friedrich Schiller)
Demonstrar através de atividades práticas e reflexivas a importância da ludicidade no desenvolvimento e fortalecimento das relações sociais e educacionais.
-Dinâmicas:
.Amor
.Bonecos-palito: em círculo, todos posicionam seus bonecos em posições livres. Giram em torno deles ao som de música, quando ela parar imitar a posição que estiver na sua frente.
ESTRUTURA DA OFICINA
Brincar e pensar: como aplicar a brincadeira executada na prática do programa? O que será preciso adaptar?
ATIVIDADES
1-O COMEÇO DE TUDO: A FAMÍLIA
-Interagir com os pais é uma forma segura de fortalecer os elos de ligação entre educando, família e educadores.
Dinâmicas:
.Balão: não deixe seu (filho/sonho) cair...
.Barbantes com cartões numerados...
BRINCAR NÃO TEM IDADE
Segundo Piaget (1978), as atividades lúdicas atingem um caráter educativo, tanto na formação psicomotora, como também na formação da personalidade das crianças. Assim, valores morais como honestidade, fidelidade, perseverança, hombridade, respeito ao social e aos outros são adquiridos. Os jogos com regras são considerados por Piaget (1978) como uma ferramenta indispensável para este processo. Através do contato com o outro a criança vai internalizar conceitos básicos de convivência. A brincadeira e os jogos permitem uma flexibilidade de conduta e conduz a um comportamento exploratório até a consecução do modelo ideal de se portar com o próximo, resultado de experiências, conflitos e resoluções destes (Bruner, 1968).
No jogo está a alma das relações humanas, é ali que as crianças se preparam inconscientemente para o mundo chamado de sério.
2-INTERAGINDO COM OS ALUNOS.
Sugestões de atividades(jogos, brincadeiras)
-BAMBOLÊ
Em círculo e de mãos dadas. O bambolê será colocado no braço de um participante e terá que dar a volta sem que ninguém solte as mãos. Todos devem passar por dentro do bambolê.
-PIPOCAS
Formar duas equipes e demarcar um espaço dividido com uma linha.
Cada participante recebe uma folha branca pra amassar e ser as pipocas.
Ao sinal do mediador, os grupos jogam suas pipocas do lado oposto. Ao sinal de final de tempo, quem ficar com menos pipocas em seu espaço é a equipe vencedora.
-BONECO DE BORRACHA
História psicomotora
-JOGO DA VELHA
Marcar no chão as linhas próprias do jogo da velha sendo que em cada espaço quadrado deve caber um participante. As duas equipes vestem seus participantes com coletes contendo “X” em uma e “O” na outra. O mediador auxilia na execução e as equipes vão posicionando suas “Peças”(alunos com coletes). Vence quem colocar suas peças em linha primeiro.
-CARRO E MOTORISTA
Em duplas. Traça-se um percurso no chão com linha e/ou obstáculos.
Um participante será o CARRO(de olhos vendados) e o outro o MOTORISTA(cujo guiará o carro com toques: no ombro direito, quando o carro tiver que virar à direita, no ombro esquerdo para virar à esquerda, na cabeça pra seguir em frente e nas costas pra dar a ré). Quem chegar ao objetivo primeiro vence.
-JOGO DA PIPA
Jogo competitivo entre 4 equipes que jogarão um dado para ganhar as “rabiolas” da pipa e retirar as nuvens. Se o dado cair com a cor preta deve-se tirar a última rabiola colocada. Para aumentar o desafio: determinar a ordem em que as rabiolas devem ser colocadas.
-ANEL NO BARBANTE
Em círculo. Todos seguram um barbante por fora. Um participante fica dentro do círculo, ele ficará de olhos fechados e ao abrir terá que adivinhar em qual mão está o anel em tempo determinado.
-BOLA E TECIDO
Em equipes, com espaços de saída e chegada determinados. Cada equipe deverá levar uma bola sobre um tecido até a chegada, dois ou quatro participantes segurando o tecido, um em cada ponta.
-BARANGANDÃ
Brinquedo folclórico confeccionado com fitas de crepom, jornal e barbante.
Pode-se movimentar aos som de músicas, em formas geométricas, numéricas, alfabéticas, abstratas, coordenadas.
-NINGUÉM É DE NINGUÉM
Em pares. Seguir os comando do mediador: “Pé com pé”, Cabeça com cabeça” “Barriga com barriga”e ao comando “Ninguém é de ninguém” trocam-se os pares. A brincadeira segue com outros comandos até um impossível e repete-se a frase de troca.
-PIQUE-SERPENTE
Pique-pega, sendo que os pegos vão segurando nas mãos uns dos outros formando uma fila que não se solta e continua perseguindo os demais. O último a ser pego será o próximo pegador.
-MEMÓRIA GIGANTE
Jogo coletivo com cartelas grandes para ser jogado coletivamente em ambiente amplo.
As figuras podem ser de temas de projetos ou formas lúdicas.
-ESPELHO
O pegador(espelho) fica parado de costas para os demais que ficarão longe e tentarão se aproximar. O Espelho irá se virar e quem ele perceber se movimentando deverá voltar à largada e recomeçar sua trajetória. Quem chegar primeiro será o próximo espelho.
-HISTÓRIA COM AMPULHETA
Em círculo. Um saco ou caixa com objetos irá passar. Cada um tira um objeto e fala uma frase sobre ele dentro do tempo determinado pela ampulheta. O próximo irá tirar outro objeto e falar dele continuando a história do participante anterior.
-CIRCUITO
Usar objetos simples para preparar um circuito que exija manobras corporais diversas. O circuito poderá ser executado individualmente, em duplas, trios e/ou equipes. Pode-se marcar o tempo para/da execução.
-FRASES COLETIVAS
Cada equipe/grupo irá receber uma folha com linhas nas quais escreverão palavras de acordo com o título da coluna: NOME, COM QUEM, FEZ O QUE, ONDE, QUANDO, PORQUE etc
Depois juntam-se as colunas para formar as frases.
-CAIXA DE AÇÕES
Como Batata-quente, quem ficar com o saquinho deverá pegar um papel e executar a ação nele escrita: Cantar uma música romântica, rodar um bambolê na cintura 10 vezes, ganhar um chocolate, andar sobre uma linha agachado, desenhar um retrato do melhor amigo na sala e lhe dar de presente etc
-CORRIDA DE BICHOS
Num saco estão cartões com nomes dos bichos. Cada equipe pega um. Ao sinal deverão ir ao ponto de chegada de acordo com os “passos” reais do bicho que está representando.
-BALÕES VOADORES
Dentro de um espaço definido, os participantes de cada equipe deverão encher um balão cada. Ao sinal soltam o balão, o que cair mais longe dá vitória ao grupo.
-GORILA ENJAULADO
Riscar dois círculos, um dentro do outro. O gorila fica no meio e demais no meio dos círculos. Estes tentarão tocar o gorila sem serem pegos. Se forem devem ir para o centro do círculo e viram gorilas.
-QUEM SOU EU?
Os jogadores em círculo amarram uma faixa na testa com o nome de um personagem. Este irá tentar descobrir quem é fazendo perguntas aos demais. Eles só poderão responder “sim” ou “não”. O primeiro que se identificar é o vencedor.
-LÁ VAI ÁGUA
Em círculo. Passar água de um copo para o que está na boca do próximo sem derramar.
ELEFANTES ou PASSARINHOS
Em círculo. Quando o mediador apontar pra alguém e disser “elefante” este imitar uma tromba com o braço. Os que estiverem ao seu lado devem colocar as mão no seu ombro.Quando disser “passarinho”, este deve fazer um biquinho com as mãos. E os do lado deve fazer suas asas batendo.
A CORRENTE
Em círculo, um será o sentinela e ficará no meio. Um jogador dirá “passo a corrente para Lúcia” e apertará a mão do próximo que fará o mesmo com o próximo disfarçadamente. O sentinela tenta descobrir por onde vai a corrente. Se chegar ao seu destino, diz: “recebido”.
BARRA-MANTEIGA
BANDEIRINHA
TRILHAS
SAI DA TOCA QUEM ou EU TE AMO PORQUE
CONCLUSÃO
“Pais e educadores precisam considerar que brincar é a melhor maneira das crianças preencherem o seu tempo, pelos benefícios que ele oferece do ponto de vista intelectual, social e emocional. Ao lado da satisfação das necessidades básicas de: nutrição, saúde, habitação e educação, é uma atividade fundamental para o desenvolvimento das capacidades potenciais de todas as crianças. Se não tivermos no presente uma atitude de respeito a elas para que façam as suas descobertas no seu próprio tempo, dificilmente teremos o futuro que almejamos.”Marilena Flores Martins(Professor Sassá,
O movimento não é apenas um simples mecanismo, mas um gesto expressivo de significados, que transmite ao outro nossa interioridade, tudo aquilo que passamos: alegria, saudade, dor, medo, ansiedade, desejos, afetividades etc”
(Galo, Sílvio. Filosofia e Cidadania. São Paulo, Papiros,1999)
“É inexorável. Não podemos voltar a ser crianças. No entanto, é necessário em nosso ofício de ensinar-aprender que nos deixemos contaminar,mesmo que por alguns instantes, pela criança encantada que nos habita, deixando brotar a espontaneidade, o improviso, o inusitado, o imprevisível e o possível. Artistas e crianças adoram experimentar, arriscar e inventar coisas que ainda não existem, mas que podem vir a existir”(Neusa Deconto. UNB,2003)
A ludicidade só acontece de forma plena e verdadeira quando é respeitado o prazer de brincar, criar, deslumbrar-se, descobrir-se por inteiro com todos os sentimentos positivos e negativos. “Brincar é pensar com o corpo inteiro” e não apenas intelectualmente, mas socialmente, emocionalmente, fisicamente, despertar a sensibilidade, a autoconfiança para que no futuro as escolhas, os caminhos sejam verdadeiramente seguros.
Tornar-se um adulto é muito bom, Porém, melhor ainda é cultivar a criança encantada e com ela engendrar alianças lúdicas, saber entrar e sair desse instigante e complexo jogo que é como a dança da vida ou muito parecido com ensinar/aprender.
Para trabalhar com crianças é imprescindível aprender a ser criança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS(resumo)
DECONTO, Neusa. Educação, Arte e Movimento, PIE-UnB, 2003
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). et. al. Jogo, brinquedo, brincadeira e a
educação. 3ª edição, São Paulo: Cortez, 2003.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1978
GOMES, Afonso Celso. O grande livro dos jogos. Belo Horizonte.Editora Leitura, 1998.
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